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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL COM GABARITO 6º ANO - TEXTO CORAÇÃO CONTA DIFERENTE

CORAÇÃO CONTA DIFERENTE




- Ai...

- O que é que você tem, Tiago?

Quem falou ai fui eu. Quem me perguntou o que é que eu tinha foi o Renato, que fica sentado do meu lado e pode vigiar tudo o que eu faço. Ele deve ter pensado que alguma coisa estava doendo. Mas esse ai não era de dor.

Então, suspirei de novo, mas agora sem falar nada. Esse suspiro saiu como um sopro, que balançou as folhas do meu caderno. E pra dentro, baixinho, pra ninguém escutar, eu gemi: Ai, Adriana...

É que ela levantou para ir ao quadro. Logo hoje que ela soltou o cabelo comprido daquele rabo de-cavalo que ela costuma usar. O cabelo dela é tão lindo... Parece de seda e tem um brilho que eu ia dizer que parece o Sol. Mas a Adriana tem cabelos pretos e Sol moreno fica meio esquisito.

7x5=45...

Tá errado, tia! Tá errado! – gritou toda esganiçada a Catarina.

A tia então mandou a Adriana sentar. A Catarina correu e meteu o apagador em cima daqueles números tão bem desenhados, corrigindo com um 35 tão sem graça quanto a sua voz.

Adriana voltou pro lugar dela e eu nem pude ver se ela estava com a cara muito vermelha. Ela ficou com a cabeça abaixada um tempão. Eu senti que ela estava triste e fiquei muito triste também. Aí, arranquei a beiradinha da última página do meu caderno e escrevi:

Não liga, Adriana. O 45 que você escreve é tão lindo quanto o seu cabelo.

Dobrei meu bilhete. Fiz bem depressa uma bolinha com o bilhete dobrado, mirei e joguei. Ela caiu no colo da Adriana.

Meu coração bateu depressa. Ai, ai, ai, meu coração martelando tantosais no peito. A Adriana foi desamassando o bilhete bem devagar. Ela leu, depois guardou dentro do estojo. Nem olhou pro meu lado. De repente me lembrei de uma coisa terrível: EU NÃO TINHA POSTO O MEU NOME NO PAPEL!

Nisso, a tia me chamou. Eu só pensava naquela confusão.

- Tá errado! Tá errado! Deixa eu fazer, tia?

Eu olhei pro quadro e entendi... 8x6=36... A tia me mandou sentar.

Fui, morrendo de sem graça.

Cheguei na minha carteira e vi uma bolinha de papel bem em cima do meu caderno. Quando ninguém estava mais olhando, eu disfarcei e abri:

Eu também me amarro no seu 36.

No cantinho do papel estava assinado: Adriana.

(Coração conta diferente. Lino deAlbergaria. São Paulo: Scipione, 1992).


VAMOS INTERPRETAR O TEXTO

1. Analise o texto e use (V) para os enunciado verdadeiros e (F) para os falsos.

a. (   ) O texto é uma narrativa.
b. (   ) O texto pode ser considerado um poema porque está escrito em versos.
c. (   ) O autor transcreve as falas das personagens, por meio do discurso direto.
d. (   ) O narrador é personagem porque participa das ações da história contada.
e. (   ) O narrador é observador, porque não participa da história contada.

2. Faça a correspondência, de acordo com o texto.

(A)
Tiago
(   )
Tem lindos cabelos pretos.
(B)
Renato
(   )
Narra a história.
(C)
Adriana
(   )
Senta-se próximo ao narrador.
(D)
Catarina
(   )
Tem a voz esganiçada.

3. No 3º parágrafo o narrador explica o que o “ai” que ele disse não era de dor. De acordo com o texto, o que significa esse “ai”?


4. Como a professora da turma é tratada no texto?


5. O narrador ia comparar o brilho dos cabelos de Adriana com o Sol, mas desiste. Retire do texto a frase que indica porque a comparação não era boa.


6. Qual personagem do texto descobre o erro de Adriana e corrige os números no quadro?


7. Adriana descobriu quem tinha escrito o bilhete para ela? Escreva como você chegou a essa conclusão?


8. Enumere as ações de acordo com o texto:

a. (   ) Tiago escreve um bilhete e o joga para Adriana.
b. (   ) Catarina grita que a resposta de Adriana está errada.
c. (   ) Tiago observa Adriana escrevendo no quadro e suspira.
d. (   ) Adriana erra a resposta.
e. (   ) Tiago vai ao quadro e também erra a resposta.
f. (   ) Adriana retorna para sua carteira e fica de cabeça baixa.
g. (   ) Adriana responde Tiago escrevendo um bilhete para ele.


9. A gíria é uma forma de expressão oral ou escrita, usada por determinados grupos em situações de intimidade. Ela faz parte da linguagem coloquial. As gírias devem ser evitadas em situações formais ou cerimoniosas porque nessas ocasiões deve-se utilizar a linguagem padrão que obedece às regras da Língua Portuguesa.

A partir das informações dadas acima, responda:

a) Adriana usa uma gíria no bilhete que escreve para Tiago. Que expressão indica essa gíria?


b) Por que foi possível o uso da linguagem coloquial no bilhete escrito por Adriana?


c) Reescreva o bilhete de Adriana substituindo a gíria por uma expressão da linguagem formal, sem alterar o sentido da mensagem.


10. A palavra “pra” no texto é uma redução da palavra “para”. Geralmente, na fala, reduzimos algumas palavras. Isso porque a comunicação oral exige velocidade. Sendo assim, assinale a alternativa que também possui palavra reduzida.

(A) Tá errado, tia!
(B) Não liga, Adriana.
(C) Dobrei meu bilhete.
(D) Eu só pensava naquela confusão.



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GABARITO

1. a (V), b (F), c (V), d (V), e (F)

2. Tiago narra a história; Renato senta-se próximo ao narrador; Adriana tem lindos cabelos pretos; Catarina tem a voz esganiçada.

3. O "ai" era de emoção, paixão, amor, alegria, felicidade.

4. É tratada por "tia".

5. Adriana tem cabelos pretos e sol moreno fica meio esquisito.

6. Catarina.

7. Sim, porque ela respondeu também com um bilhete ao Tiago, dizendo que se amarrava no seu 36.

8.
a. (5º) Tiago escreve um bilhete e o joga para Adriana.
b. (3º) Catarina grita que a resposta de Adriana está errada.
c. (1º) Tiago observa Adriana escrevendo no quadro e suspira.
d. (2º) Adriana erra a resposta.
e. (6º) Tiago vai ao quadro e também erra a resposta.
f. (4º) Adriana retorna para sua carteira e fica de cabeça baixa.
g. (7º) Adriana responde Tiago escrevendo um bilhete para ele.

9. a) "me amarro"
b) Porque se tratava de uma "conversa escrita" entre amigos próximos.
c) Eu também gostei do seu número 36.

10. A

sábado, 6 de dezembro de 2014

LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL COM GABARITO - CAMPO GERAL - GUIMARÃES ROSA

O texto conta sobre a infância de um menino da roça que, ao fazer novas descobertas, tem a possibilidade de ampliar o seu olhar.
A personagem principal é Miguilim, um menino do interior de Minas Gerais, sem instrução escolar, mas cheio de imaginação, pois o seu cotidiano na fazenda é repleto de histórias fantásticas. Em um dado momento, Miguilim fica doente de desgosto, pois seu querido irmão Dito havia morrido. Um médico vai visitá-lo.

 

CAMPO GERAL

[...] Depois, de dia em dia, e Miguilim já conseguia de caminha direito, sem acabar cansando. Já sentia o tempero bom da comida; a Rosa fazia para ele todos os doces, de mamão, laranja-da-terra em calda de rapadura, geleia de mocotó. Miguilim, por si, passeava. Descia maneiro à estrada do Tipã, via o capim da flor. Um qualquer dia ia pedir para ir até na Vereda, visitar seo Aristeu. Zerró e Seu-Nome corriam adiante e voltavam. Brincando de rastrear o incerto. Um gavião gritava empinho, perto.
De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro da roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.
- Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
- Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
- E seu irmão Dito é o dono daqui?
- Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como nenhum outro. Redizia:
- Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas, que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o encarava.
- Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem é que está em tua casa?
- É mãe e os meninos...
Estava Mãe, Tio Terêz, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele, era um camarada. O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: - “Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?”
Miguilim espremia os olhos. Drelina e Chica riam. Tomezinho tinha ido se esconder.
- Este nosso rapazinho tem vista curta. Espera aí, Miguilim...
E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito.
- Olha, agora!
Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava como era, como tinha visto. Mãe esteve assim assustada; mas o senhor dizia que aquilo era modo mesmo, só que Miguilim carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia descompassso, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria Pretinha, à Maitina. A Chica veio correndo atrás, mexeu: - “Miguilim, você é piticego...” Ele respondeu: - “Donazinha...”
Quando voltou, o doutro José Lourenço já tinha ido embora.
- Você está triste, Miguilim? – Mãe perguntou.
Miguilim não sabia. Todos eram maiores do que ele, as coisas reviraram sempre dum modo tão diferente, eram grandes demais.
- Pra onde ele foi?
- A foi para a Vereda do Tipã, onde os caçadores estão. Mas amanhã ele volta, de manhã, antes de ir s’imbora para a cidade. Disse que, você querendo, Miguilim, ele junto te leva... – O doutor era homem muito bom, levava o Miguilim, lá ele comprava uns óculos pequenos, entrava para a escola. Depois aprendia ofício. – “Você mesmo quer ir?”
Miguilim não sabia. Fazia peso para não soluçar. Sua alma, até no fundo, se esfriava. Mas Mãe disse:
- Vai, meu filho. É a luz dos teus olhos, que só Deus teve poder para te dar. Fim do ano, a gente puder, faz a viagem também. Um dia todos se encontram... [...]

ROSA, Guimarães. Manuelzão e Miguilim. In: OLIVEIRA, Tania Amaral et al. Língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: IBEP, 2012 (Coleção Tecendo Linguagens). 


POR DENTRO DO TEXTO


1. Qual é o personagem principal do texto?


2. O texto retrata a vida das pessoas que vivem na cidade ou na zona rural?


3. Releia o início do texto: “[...] Depois, de dia em dia, e Miguilim já conseguia de caminhar direito, sem acabar cansando. Já sentia o tempero bom da comida”. É possível deduzir a partir desse trecho que Miguilim, antes estava


(A) chateado.

(B) doente.

(C) alegre.

(D) mal-humorado.


4. Que tipo de comida Rosa fazia para Miguilim?


5. No primeiro parágrafo, no trecho “Um qualquer dia ia pedir para ir até na Vereda, visitar seo Aristeu”. Que palavra indica que este texto foi escrito há muito tempo?


6. Como é que Miguilim cumprimentou o doutor José Lourenço, quando o viu pela primeira vez?


7. Como podemos observar no texto, Miguilim tinha problemas de visão. Será que ele percebia esse problema? Justifique a sua resposta.


8. Que reação Miguilim apresentou, para que o doutor José Lourenço suspeitasse de seu problema de visão?


9. Que teste o doutor José Lourenço fez para comprovar o problema de visão de Miguilim?


10. Ao colocar os óculos, como Miguilim passou a enxergar?


11. Que palavra poderia substituir sem alteração de sentido a palavra “carecia” no seguinte trecho? “ Miguilim carecia de usar óculos”.


12. Quando Miguilim coloca os óculos, ele passa a observar o mundo de uma forma diferente. Como esse fato ajuda a mudar a vida dele?


13. No trecho “Miguilim, você é piticego”. A expressão “piticego” é


(A) um elogio.

(B) um apelido carinhoso.

(C) uma ofensa.

(D) uma forma de expressar carinho.


14. Que proposta o doutor José Lourenço fez à mãe de Miguilim?


15. O que é possível deduzir no seguinte trecho? “Miguilim não sabia. Fazia peso para não soluçar.”


16. As palavras “zelado” e “redizia” não podem ser encontradas no dicionário, mas no contexto da história narrada é possível encontrar um sentido para elas. Qual seria o sentido dessas duas palavras?


17. Miguilim, ao usar os óculos do doutor José Lourenço passou a enxergar as coisas com mais nitidez. Que outros sentidos podemos dar à ação de enxergar?


18. As lentes dos óculos ampliaram a visão da personagem. Em sua opinião, que “lentes” podem ampliar a visão de mundo do jovem atual?


19. Explique o sentido do ditado popular “O verdadeiro cego é aquele que não quer enxergar”.


20. Você gostou da história sobre Miguilim? Justifique sua resposta.



FONTEOLIVEIRA, Tania Amaral et al. Língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: IBEP, 2012 (Coleção Tecendo Linguagens). [adaptado] 


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GABARITO


1. Miguilim.

2. Retrata a vida das pessoas que vivem na zona rural.

3. B

4. Rosa fazia todos os doces de mamão, laranja-da-terra em calda de rapadura e geléia de mocotó.

5. A palavra “seo”.

6. Saudou-o pedindo a bênção.

7. Ele tinha problema, mas não percebia porque era uma criança, e na sua condição de criança o mundo era natural daquela forma. Além disso, como não tinha referência de nitidez, não pode saber que sua vista é que estava com problema.

8. Miguilim espremia/ apertava os olhos para enxergar.

9. Mostrou a mão e perguntou quantos dedos Miguilim estava enxergando.

10. Tudo era claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas [...]

11. Precisava/ necessitava.

12. Ao ver as coisas pequenas e mais vivas, Miguilim demonstra um enorme encantamento com o que vê e isso desencadeia a possibilidade de sair de sua cidade para viver em outro lugar.

13. C

14. Pediu para levar Miguilim para a cidade, compraria-lhe óculos e o colocaria na escola.

15. Ficou emocionado, fez força para não chorar.

16. Zelado: bem cuidado; redizer: voltar a falar.

17. A ação de enxergar pode representar o conhecimento e a compreensão de algo, uma visão mais detalhada do mundo e das coisas, uma ampliação do olhar.

18. A palavra lente está em sentido figurado e pode representar experiências que favoreçam uma ampliação do olhar, como por exemplo: ouvir o outro com tolerância, realizar discussões de forma franca, conhecer elementos de diferentes culturas etc.

19. Os verdadeiros cegos não são aqueles que não têm o sentido da visão, mas sim que não buscam conhecer e descobrir o mundo ou visões de mundo diferentes da sua.

20. Resposta pessoal.